Sempre ouvi que foi a determinação do pai que a fez estudar piano. Ele, durante a sua infância acompanhava-a até a porta do prédio e ela ao terminar a aula tinha que passar na oficina do pai onde ele a esperava com um copo de leite e bolachinhas. Em casa sempre foi tratada com muito zelo e os estudos eram acompanhados por seu pai que tocava flauta.
Namoros e festas não eram permitidos. Sempre teve uma vida saudável com passeios de barco, piqueniques e veraneios na Marambaia, lugar as margens do Canal do São Gonçalo. Durante o veraneio o piano era levado para que ela continuasse seus estudos. Ele gostava muito de ouvi-la tocar. Muitas vezes ele solicitava que ela tocasse piano enquanto ele ia para o meio do canal, de barco, para ouvi-la à luz do luar.
Durante estes veraneios conheceu um admirador que também apreciava música e freqüentava os saraus da família. Começou a namorar depois de certa resistência do pai. Tornou-se professora de canto orfeônico, após concurso para o Magistério Municipal, onde obteve o primeiro lugar. Casou, teve sete filhos, em dez anos. Deixou de trabalhar para criar os filhos. Após o nascimento do sétimo filho retornou ao trabalho em escola municipal. Como professora competente, foi convidada a ministrar aulas no Conservatório de Música de Pelotas aposentando-se aos sessenta e sete anos de idade.
Hoje ainda temos a grande satisfação de ouvi-la tocar piano. É uma mulher que tem muita garra e determinação. Passou por grandes trabalhos e nunca desistiu de lutar. Tem um temperamento forte e mesmo com idade ela está sempre no comando dos seus atos. É uma mulher ativa até hoje. Gosta de trabalhos manuais e está sempre envolvida com arrumações da sua casa, mudando móveis bordando, fazendo crochê, tocando piano. A maior lição que ela sempre nos ensina é a de lutar e vencer mesmo quando pensamos em nos acomodarmos.
Mãe esta é uma simples homenagem que te faço pela passagem dos teus oitenta e quatro anos no dia 18 de outubro! És um exemplo a ser seguido por todos nós!